Sheinbaum critica quem apela à "intervenção estrangeira" no México
- 20/11/2025
"Aquele que apela à intervenção estrangeira está enganado, aquele que pensa que ao aliar-se ao mundo exterior terá força está enganado, aquele que pensa que as mulheres são fracas está enganado", afirmou durante o seu discurso à frente duma parada militar no Zócalo, na Cidade do México.
Sheinbaum sublinhou ainda que o seu Governo não se submeterá "aos interesses daqueles que anteriormente detinham o poder, nem a qualquer Governo ou interesse estrangeiro".
A Presidente recordou que a Revolução Mexicana surgiu como resistência ao regime de Porfirio Díaz (1876-1911), que mantinha um "autoritarismo baseado na repressão, no medo e na submissão forçada do povo", entregando os recursos naturais a empresas estrangeiras e mantendo as comunidades indígenas em condições de expropriação e exploração.
Sheinbaum traçou um panorama histórico da situação no México que gerou o terreno fértil para o surto revolucionário, um processo em que destacou o assassinato do ex-Presidente Franciso Madero e do seu vice-presidente, José María Pino Suárez, na sequência de um golpe de Estado provocado pela intervenção do então embaixador dos Estados Unidos, Henry Lane Wilson.
"Essa ingerência estrangeira, somada à traição interna, culminou com o assassinato de Madero e Pino Suárez, crime que abriu um dos capítulos mais dolorosos e violentos da história do México", afirmou.
Recordou igualmente a resistência que se seguiu, liderada por Venustiano Carranza e pelos exércitos de Emiliano Zapata, no sul, e de Francisco Villa, no norte, e o processo que culminou na Constituição de 1917, que definiu como "a mais avançada do mundo em termos de justiça social", reconhecendo os direitos laborais, agrários e educativos e a soberania sobre os recursos naturais.
Sheinbaum sublinhou que, ao contrário do que acontecia no passado, no México atual "ninguém é silenciado, ninguém é perseguido por pensar de forma diferente, e isso é uma conquista do povo do México".
O discurso de hoje segue a linha traçada pela Presidente na terça-feira, em que rejeitou qualquer intervenção militar por parte dos Estados Unidos em território mexicano, após o homólogo norte-americano, Donald Trump, se dispor a enviar tropas para combater os cartéis de droga.
Trump declarou que não "está satisfeito" com o combate do México ao tráfico de droga e não descarta um ataque aos cartéis que operam em ambos os lados da fronteira.
As palavras da Presidente surgem também num contexto em que os Estados Unidos enviaram um contingente militar com cerca de 10 mil soldados acompanhados pelo maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, para junto da costa da Venezuela, a fim de prosseguir a sua campanha militar nas Caraíbas contra o tráfico de droga.
Os ataques norte-americanos contra embarcações que alegadamente transportam droga provocaram 83 mortos nas Caraíbas e no oceano Pacífico.
Nos últimos meses, os setores conservadores dos Estados Unidos têm exercido pressão para uma resposta mais agressiva contra o tráfico de droga, enquanto o México insiste que a cooperação bilateral deve concentrar-se na partilha de informações, na redução do tráfico de armas e no respeito absoluto da soberania.
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