Presidente de Taiwan almoça sushi para apoiar Japão contra a China
- 20/11/2025
A medida, justificada com a violação de regulamentos sanitários, foi tomada numa altura de tensão diplomática entre Pequim e Tóquio desencadeada por declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre Taiwan.
Takaichi afirmou no parlamento em 07 de novembro que ataques armados da China contra Taiwan podiam justificar o envio de soldados japoneses para defender a ilha, por estar em causa a segurança do Japão.
As declarações foram consideradas uma provocação por Pequim, que considera que Taiwan faz parte do território da República Popular da China (RPC) e ameaça usar a força se a ilha declarar a independência.
A China e Taiwan vivem autonomamente desde 1949, quando as forças nacionalistas se refugiaram na ilha ao perderem a guerra civil para o Partido Comunista Chinês (PCC), de que resultou a proclamação da RPC por Mao Zedong.
きょうの昼食はお寿司と味噌汁です#鹿児島産のブリと北海道産のホタテ pic.twitter.com/bww7iylzI4
— 賴清德Lai Ching-te (@ChingteLai) November 20, 2025
Lai Ching-te, um fervoroso defensor da soberania de Taiwan, acusou Pequim de ter prejudicado gravemente a paz regional com a disputa.
Um dia depois das notícias sobre a suspensão das importações de produtos de mar japoneses, Lai publicou uma fotografia nas redes sociais em que aparece sorridente com um prato de sushi na mão.
"O almoço de hoje é sushi e sopa miso", lê-se na legenda, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).
"Este pode ser um bom momento para comer culinária japonesa", sugeriu também Lai num vídeo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês classificou as publicações de Lai como um "golpe publicitário".
Os meios de comunicação japoneses, incluindo o canal público NHK, noticiaram a suspensão das importações na quarta-feira, citando fontes governamentais.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês não confirmou oficialmente a suspensão das importações, noticiada também pelo jornal China Daily.
Mas a porta-voz do ministério Mao Ning disse na quarta-feira que Tóquio ainda não tinha cumprido as formalidades para garantir a qualidade e a segurança dos produtos.
Mao advertiu o Japão de que a China vai tomar medidas se Tóquio não se retratar dos comentários sobre Taiwan.
"Se o Japão se recusar a retirar essas declarações, a China tomará medidas sérias e todas as consequências serão suportadas pelo lado japonês", afirmou.
Já hoje, durante a conferência de imprensa regular em Pequim, Mao reafirmou que o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, não se reunirá com a homóloga japonesa na cimeira do G20 de Joanesburgo, no fim de semana.
Mao sugeriu ainda a Tóquio que agisse com discrição, indicou o China Daily.
A porta-voz do ministério chinês respondia a uma questão suscitada pela insistência hoje do chefe da diplomacia japonesa num apelo ao diálogo.
Com diálogo, "reduziremos as preocupações e os problemas, e aumentaremos a compreensão e a cooperação", afirmou Toshimitsu Motegi perante uma comissão parlamentar em Tóquio, segundo a NHK.
Motegi informou a comissão sobre uma reunião na terça-feira em Pequim de altos funcionários de ambos os países, que terminou sem grandes avanços.
Vídeos da reunião geraram alvoroço nas redes sociais por interpretações de que o emissário japonês se tinha mostrado servil, enquanto o chinês, de mãos nos bolsos, pareceu desdenhoso.
"Essa não foi de modo algum a situação em que a reunião se desenrolou", assegurou Motegi, citado pela agência de notícas espanhola EFE.
Motegi disse que o representante japonês refutou as afirmações de Pequim sobre um agravamento da segurança na região e clarificou a postura de Tóquio em relação a Taipé.
O chefe da diplomacia de Taiwan, Lin Chia-lung, encorajou os habitantes da ilha a viajarem para o Japão e a comprarem produtos japoneses.
"Neste momento crítico, temos de apoiar o Japão para que possa estabilizar a situação e travar o comportamento intimidatório do PCC", afirmou.
Leia Também: MNE do Japão garante que vai resolver divergência com China pelo diálogo















