Polícia de Toronto identifica cadáver após 17 anos. Era de português
- 20/11/2025
A polícia de Toronto, no Canadá, conseguiu finalmente apurar a identidade do homem cujos restos mortais foram encontrados no centro da cidade há mais de 17 anos.
De acordo com a CBC, o homem chamava-se Alcides e era português. A família já foi notificada e informada sobre o local onde o corpo foi sepultado.
O anuncio foi feito pelo investigador Mike Kelly, da unidade de homicídios e pessoas desaparecidas do Serviço Policial de Toronto, na quarta-feira, 19 de novembro.
Segundo o responsável, a descoberta só foi possível devido à evolução da tecnologia, através de uma ferramenta relacionado com a "genealogia genética".
O caso remonta a 29 de março de 2008, dia em que um homem em condição de sem-abrigo encontrou um corpo debaixo de uma ponte do metro de Toronto.
As autoridades recolheram os restos mortais e tentaram, durante anos, sem sucesso, chegar à identidade da vítima que, acreditam, também vivia na altura dos acontecimentos na rua.
Logo na altura foi descartada qualquer possibilidade de crime, mas mantinha-se, até agora, o mistério sobre a sua identidade e história.
"Os que o amavam sempre perguntaram o que teria acontecido"
"Alcides nunca foi dado como desaparecido, mas aqueles que o amavam sempre se perguntaram o que lhe teria acontecido, pois não tinham notícias dele há anos", disse Mike Kelly.
Em 2023, a polícia decidiu usar a genealogia genética investigativa (GGI) para identificar o português. A GGI é uma técnica que a polícia usa para solucionar casos criminais ou resolver casos arquivados.
A IGG "envolve o uso de dados genéticos de amostras coletadas em locais de crime e bancos de dados de ADN para identificar indivíduos por meio de correspondências genéticas, ou correspondências parciais, com parentes biológicos", explicou o Gabinete do Comissário de Informação e Privacidade de Ontário, que reuniu um conjunto de orientações sobre o uso da ferramenta pela polícia.
Alcides é assim a nona e mais recente pessoa a ser identificada por GGI em Toronto, no âmbito de uma iniciativa humanitária a que as autoridades canadianas chamaram Projeto 31.
O projeto, que teve início em 2022, foi intitulado desta forma em homenagem aos 31 casos de "pessoas falecidas não identificadas há muito tempo, para as quais há material de ADN facilmente disponível".
O projeto visa identificar todas as 31 pessoas usando técnicas baseadas em ADN, incluindo IGG.
Polícia chegou à identidade de Alcides através de ADN de irmão
No caso de Alcides, foi através das amostras de um irmão, que não vive no Canadá, que as autoridades conseguiram chegar até à sua identidade, depois de terem tornado público várias características do corpo encontrado.
Como realçou Mike Kelly, esta descoberta não encerra só um caso de polícia. Dá às famílias dos desaparecidos a possibilidade de encerrarem o ciclo do luto.
"É algo que todos desejaríamos para nós mesmos e para as pessoas que amamos: que saibam o que lhes aconteceu e que recuperem a dignidade dos nomes. Essa é a coisa mais importante que podemos oferecer a essas pessoas", sublinhou o investigador.
A polícia de Toronto continua agora a trabalhar para resolver os restantes casos em que não conhecem as identidades dos corpos encontrados.
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