ONU pede que aliados continuem a receber refugiados ucranianos
- 20/11/2025
"O devastador ataque aéreo de quarta-feira contra Ternopil, no oeste da Ucrânia, demonstra claramente que nenhuma parte do país deve ser considerada segura", afirmou o representante na Europa e na Ucrânia, Philippe Leclerc, em comunicado hoje divulgado.
O aviso do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) surge em resposta à rejeição de alguns países a pedidos de asilo ou outras formas de proteção e ajuda de ucranianos.
O argumento usado para a rejeição foi que partes da Ucrânia são seguras pelo que os ucranianos podem deslocar-se para lá.
"Estes ataques recordam-nos que nenhuma área é segura na Ucrânia. O ACNUR encoraja todos os Estados que acolhem refugiados da Ucrânia a continuarem a oferecer proteção e assistência aos que fogem da guerra", instou o diretor do ACNUR para a Europa.
A Rússia atacou esta madrugada algumas das cidades mais ocidentais da Ucrânia, nomeadamente Lviv, Ivano-Frankivsk e Ternopil, normalmente menos fustigadas pelas manobras militares de Moscovo.
Em Ternopil, o ataque russo, considerado já um dos mais mortíferos da guerra na Ucrânia, causou pelo menos 25 mortos e quase 100 feridos, de acordo com o balanço mais recente das autoridades locais.
Além disso, há ainda pelo menos 22 pessoas desaparecidas, sendo que as operações de busca e resgate continuam a trabalhar.
Várias instalações de energia, transportes e infraestruturas civis foram também danificadas.
"O aumento dos ataques deste ano por parte da Federação Russa agravou o sofrimento dos ucranianos que ainda permanecem no país", sublinhou Philippe Leclerc.
"Pelo quarto inverno consecutivo, os ucranianos enfrentam a insegurança e o agravamento do desgaste de viver numa zona de guerra, enquanto as infraestruturas energéticas do país são continuamente atacada, limitando o acesso da população a serviços essenciais como o aquecimento e a energia", lamentou o também coordenador regional para os Refugiados na Ucrânia.
"É imperativo que os civis sejam protegidos destes ataques", defendeu.
Segundo a organização, o ACNUR e os seus parceiros na Ucrânia vão continuar a apoiar a resposta do Governo para ajudar os civis a enfrentar o rigoroso inverno, fornecendo assistência financeira para lenha e roupas quentes, reparando e isolando casas e locais que albergam pessoas deslocadas, bem como fornecendo geradores portáteis às comunidades mais afetadas.
Os ataques já tinham sido condenados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que os considerou "terríveis e inaceitáveis", assim como pelo alto-comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, que admitiu estar "particularmente chocado com o elevado número de vítimas civis em Ternopil", cidade situada a centenas de quilómetros da linha da frente de batalha.
Guterres lembrou que os ataques contra civis e infraestruturas civis violam o direito internacional e humanitário e sublinhou a "urgência de um cessar-fogo completo, imediato e incondicional".
O ataque "óbvio e específico contra as infraestruturas energéticas" acontece numa altura em que o inverno está a chegar, denunciou Volker Turk, sublinhando que este é "o sexto ataque em grande escala deste tipo documentado" pelo gabinete da ONU em menos de dois meses.
Os ataques russos envolveram 476 drones e 48 mísseis, dos quais 442 e 41, respetivamente, foram abatidos, de acordo com a força aérea ucraniana.
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