ONG apela a timorenses no exterior para cumprirem leis de migração e trabalho
- 06/10/2025
"A Fundação Mahien (FM) apoia os timorenses que pretendem trabalhar no estrangeiro, desde que respeitem as leis migratórias e laborais, se adaptem à cultura local e evitem comportamentos antissociais", refere um comunicado de imprensa da FM, divulgado hoje.
Numa análise, divulgada na sua página oficial, a FM adverte para o crescimento de movimentos e partidos políticos contra a emigração na Europa e na América do Norte também "molda as reações públicas a episódios de violência que envolvem migrantes".
"Infelizmente, práticas como as lutas de galos ou os conflitos entre grupos de artes marciais alimentam esses preconceitos e reforçam estereótipos que retratam os migrantes não ocidentais como menos comprometidos com a ética moderna, o Estado de direito e o respeito pelos direitos dos animais", salienta a organização não-governamental.
A FM adverte que muitos emigrantes timorenses viajam para o estrangeiro sem qualquer conhecimento das leis, geografia, economia, cultura e costumes dos países para onde querem ir trabalhar e "já com a intenção de trabalhar ilegalmente".
"Estas práticas têm consequências, como demonstrou a decisão do Reino Unido, em 2023, de acabar com a política de isenção de vistos para cidadãos timorenses, citando abusos das regras migratórias e trabalho ilegal", afirma a FM.
A organização não-governamental recomenda às embaixadas de Timor-Leste em países com maiores comunidades de emigrantes timorenses para implementarem ou reforçarem programas de integração cultural abrangentes para os trabalhadores timorenses.
"Estes programas podem ser organizados, por exemplo, através de grupos de WhatsApp, para dar informações claras sobre as leis, culturas e expetativas locais. Isso ajudará significativamente a minimizar os riscos para os nossos compatriotas que trabalham longe, e também reforçar a imagem de Timor-Leste como uma nação democrática baseada no Estado de Direito", acrescenta-se no comunicado da FM.
A FM reconhece que o dinheiro enviado pelos emigrantes timorenses é essencial para sustentar a vida de muitas famílias no país.
No entanto, manifesta preocupação com o impacto negativo da migração de jovens, que contribui para o fenómeno de "fuga de cérebros", retirando do país juventude com capacidade e grande ambição, que deixa de contribuir para a economia nacional.
"A FM considera que a única solução para esta crise que Timor enfrenta é resolver a questão da emigração em massa: trata-se de uma falha do Governo na criação de uma economia forte e oportunidades de emprego para todos", acusa a FM.
Dados da Organização Internacional das Migrações, relativos a 2020, indicam que há cerca de 50.000 timorenses a residir no estrangeiro, emigrados principalmente na Austrália, Indonésia e no Reino Unido.
Existem várias estimativas sobre o número de timorenses no Reino Unido, podendo ultrapassar os 20 mil, segundo a Embaixada de Timor-Leste em Londres, embora o Office of National Statistics (ONS) refira cerca de dois mil, a maioria com nacionalidade portuguesa.
O Censo de 2021 na Irlanda do Norte revelou um aumento significativo da população timorense na região, com 2.874 indivíduos de Timor-Leste registados.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Formação Profissional e Emprego (SEFOPE), no início de 2024 estavam registados 13.295 trabalhadores timorenses na Austrália e 5.868 na Coreia do Sul.
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