Netanyahu diz que presidente sírio voltou convencido da viagem aos EUA
- 21/11/2025
"Regressou de Washington convencido. Está a começar a fazer todo o tipo de coisas que não vamos aceitar", disse Netanyahu na quinta-feira à noite, acrescentando que Al-Sharaa "quer trazer forças russas" para a fronteira com Israel, segundo a estação pública israelita.
Al-Sharaa assumiu oficialmente o cargo de Presidente interino da Síria depois de liderar as forças rebeldes que derrubaram o ex-presidente Bashar al-Assad em dezembro de 2024, e a sua visita a Washington no início deste mês foi a primeira de um chefe de Estado sírio à Casa Branca desde que a Síria se tornou independente de França em 1946.
O exército israelita continua estacionado naquilo a que chama uma "zona tampão" no lado sírio dos Montes Golã (Israel ocupa uma parte do território desde 1967, que anexou em 1981), depois de Netanyahu ter confirmado que as tropas permanecerão no local por "um período de tempo indefinido".
Após a queda do regime de Assad, há quase um ano, o exército israelita assumiu também o controlo da parte síria do Monte Hermon, dentro da zona desmilitarizada no sul do país, uma ação criticada pela comunidade internacional, que a considerou uma violação do acordo territorial entre Israel e a Síria assinado em 1974.
O exército israelita anunciou hoje num comunicado que as tropas da brigada de reserva foram mobilizadas nos últimos meses para o sul da Síria, onde estão atualmente a operar "em missões defensivas sob o comando da 210ª Divisão".
"As tropas realizam missões defensivas proativas para garantir a segurança dos civis israelitas, em particular os residentes dos Montes Golã", refere o comunicado.
Acrescenta que "no âmbito desta atividade, as tropas concluíram uma operação de localização e inspeção da zona, durante a qual foram encontradas armas, incluindo peças de foguetes e componentes de mísseis RPG".
Na quarta-feira, Netanyahu, os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros e outros funcionários israelitas visitaram os Montes Golã, visita que a Síria descreveu como uma grave violação da sua soberania e integridade territorial.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também condenou a visita de Netanyahu qualificando-a como "no mínimo preocupante".
Para a diplomacia de Damasco, trata-se de uma "nova tentativa israelita" de "impor um facto consumado que contradiz as resoluções do Conselho de Segurança".
A deslocação de Netanyahu surge num momento em que a organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres, registou várias incursões de patrulhas israelitas em território sírio, em zonas fronteiriças e nas proximidades dos Montes Golã.
Leia Também: Israel diz ter eliminado cinco militantes de célula terrorista em Rafah
