Netanyahu convoca gabinete face à violência de colonos na Cisjordânia
- 21/11/2025
A reunião do executivo com responsáveis das Forças Armadas, do serviço de segurança interna Shin Bet e da polícia surge numa altura em que surgiram novas alegações de ataques do exército israelita e de colonos israelitas a atirarem pedras contra veículos palestinianos que passavam na aldeia cisjordana de Huwara.
O autarca de Huwara, Jihad Ouda, afirmou que o arremesso de pedras foi rapidamente seguido de um grande incêndio num ferro-velho próximo. As chamas iluminaram o céu ao anoitecer e lançaram enormes colunas de fumo no ar, segundo imagens e vídeos divulgados nas redes sociais. O exército indicou ter recebido relatos de que israelitas atearam o fogo e que a polícia está a investigar.
Na reunião foi discutida a recente escalada de violência e propostas para a travar, segundo um responsável israelita que falou sob anonimato, que adiantou, contudo, que entre as propostas apresentadas está uma que obriga os colonos violentos a frequentarem programas educativos.
O gabinete do primeiro-ministro não comentou ainda os resultados da reunião, que terminou antes de uma informação divulgada pela agência oficial de notícias palestiniana Wafa que adiantou que vários palestinianos ficaram hoje feridos durante operações do Exército israelita em vários pontos da Cisjordânia, onde também foi detido um jornalista, sem que tenha sido divulgado o motivo.
Um palestiniano foi ferido pelas forças especiais israelitas durante uma incursão a uma residência na aldeia de Tell, a oeste de Nablus, tendo sido disparada munição real e granadas atordoantes, segundo a agência.
A Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano (SCVP) indicou que as suas equipas não conseguiram aceder ao ferido, pelo que a gravidade dos seus ferimentos é ainda desconhecida.
Além disso, a Wafa refere que o Exército israelita abriu fogo contra fiéis palestinianos à saída de uma mesquita, após as tradicionais orações de sexta-feira, na aldeia de al-Mughayir, a nordeste de Ramallah, ferindo um homem na mão e outro no pé. Ambos foram transportados para um hospital próximo.
Soldados israelitas detiveram também, no âmbito das operações militares, o jornalista palestiniano Hisham Abu Shaqra, segundo meios locais, sem que tenha sido divulgado o motivo da detenção.
Por outro lado, registaram-se igualmente novos ataques protagonizados por colonos israelitas, maioritariamente em Nablus, onde o Exército israelita realizou diversas operações.
No bairro de al-Dahia, a leste da cidade, soldados invadiram residências disparando munição real, gases lacrimogéneos e granadas atordoantes. Em Iraq Burin, a sul de Nablus, soldados e colonos destruíram várias hectares de terras agrícolas, arrancando mais de 200 árvores e danificando muros de contenção e sistemas de água.
Em Jericó, dezenas de colonos israelitas invadiram dois sítios arqueológicos, incluindo Shahwan, situado à entrada do campo de refugiados de Ein al-Sultan.
Os ataques de colonos na Cisjordânia são quase diários, após um mês de outubro marcado pela época da colheita da azeitona, em que se bateram todos os recordes de violência. Ao todo, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) contabilizou mais de 260 ataques de colonos.
Segundo a OCHA, entre 01 de janeiro de 2024 e 31 de agosto de 2025, a Cisjordânia registou um elevado número de palestinianos mortos e feridos em incidentes com forças israelitas ou colonos.
Jenin liderou as estatísticas com 203 mortos e 470 feridos, seguida de Tulkarem, com 155 mortos e 350 feridos, enquanto Nablus, apesar de contabilizar menos mortos (87), concentrou o maior número de feridos, com 1.853.
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