"Morri durante 16 minutos. Foi um golo aos 93' que forçou prolongamento"
- 21/11/2025
Com formação feita entre Barcelona e Alavés, Andrea Orlandi chegou a ser tido como uma das grandes promessas do futebol espanhol, mas a verdade é que acabou por não conseguir concretizar todo o potencial que lhe era augurado, acabando por fazer carreira ao serviço de Swansea City, Brighton, Blackpool, Anorthosis, APOEL, Novara, Chennaiyin FC e Virtus Entella.
O médio acabaria, de resto, por passar aquele que foi o momento mais marcante da sua vida, aos 34 anos de idade, já depois de ter 'pendurado as chuteiras', quando sofreu uma paragem cardíaca. Numa extensa entrevista concedida à edição desta sexta-feira do jornal espanhol Sport, o próprio desvenda tudo aquilo que aconteceu: "No relatório médico que foi emitido, quando saiu do hospital, pode ler-se 'Paciente ressuscitado'".
"Estou a falar a sério. Até me fez rir... Disse a mim mesmo 'Jesus Cristo e mais dois', não é? Foi a primeira coisa em que pensei. Mas, sim, pode dizer-se perfeitamente que só ando por aqui por milagre, ainda que acredite que a experiência alterou a minha vida para melhor", começou por afirmar o ex-jogador, atualmente, com 40 anos de idade.
"Eu tinha deixado o futebol, devido a um problema cardíaco, em 2019. Acreditava que tinha isso bastante controlado, sem necessidade de medicar-me. Reduzi o ritmo, jogava um pouco de padel, ténis e pouco mais. Uma manhã, inscrevi-me num torneio solidário de ténis, em Laietà, mesmo ao lado de Camp Nou. Não me lembro de mais nada. Só sei que acordei depois de ter passado quatro dias em coma", contou.
"Não me apercebi de nada. Depois, contaram-me que tinha colapsado, devido a uma paragem cardíaca. A pessoa contra a qual estava a jogar e outros quatro rapazes que estavam a fazer dupla, no campo ao lado, salvaram-me a vida. Fizeram-me uma massagem cardíaca. Um dos tenistas pegou no meu telemóvel e ligou para o meu contacto de emergência, que era a minha cunhada, porque a minha mulher nunca atende o telemóvel", prosseguiu.
"A minha cunhada atendeu, foi buscar a minha mulher e, bem, estive muito perto de não sobreviver. Demoraram 16 minutos a estabilizar-me, o que significa que passei mais de um quarto de hora em paragem cardíaca, sem oxigénio. Praticamente morto. Levaram-me para o hospital em condições críticas, mas estáveis, dentro da gravidade", completou.
"Encaro isto como um prolongamento, é como se tivesse empatado aos 93', e assim continuo"
Andrea Orlandi sublinhou, ainda assim, que este episódio não o fez viver com medo: "Vivo feliz. Tudo aquilo que me está a acontecer é um extra. "Encaro isto como um prolongamento, é como se tivesse empatado aos 93', e assim continuo. Chateio-me como antes, vivo o dia a dia intensamente... Mas é claro que valorizo muito mais os feitos das minhas filhas, e perco mais tempo a festejar as coisas".
"Durante todo este processo, quem passou pior foi a minha mulher. Ela não disse disse às minhas filhas, ao princípio, o que me tinha acontecido. Foi forte, esteve comigo durante o coma, dava-me a mão e estava convencida de que ia sair desta. É o meu sustento, é uma craque. Eu, na situação dele, não sei como é que teria reagido. Não é fácil", rematou.
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