Merz, Macron, Starmer e Zelensky querem preservar interesses da Ucrânia
- 21/11/2025
Friedrich Merz, Emmanuel Macron e Keir Starmer saudaram os "esforços norte-americanos" para pôr fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia, mas asseguraram a Volodymyr Zelensky o "apoio total e inalterado no caminho para uma paz duradoura e justa".
Os europeus desejam que "as forças armadas ucranianas sejam capazes de defender eficazmente a soberania da Ucrânia", precisou a chancelaria alemã num comunicado citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O plano dos Estados Unidos, apresentado na quinta-feira a Zelensky por emissários do Presidente Donald Trump, prevê várias concessões ucranianas, incluindo a cedência de territórios à Rússia.
Segundo meios de comunicação social que divulgaram o plano de 28 pontos, incluindo a AFP, a Ucrânia deve também renunciar a integrar a NATO e realizar eleições no prazo de 100 dias após cessarem os combates.
No final da conversa com os três líderes europeus, Zelensky disse "estar a trabalhar" no plano norte-americano, mas insistiu na necessidade de assegurar "uma paz real e digna".
"Estamos a trabalhar no documento preparado pela parte americana. Este plano deve assegurar uma paz real e digna", disse Zelensky nas redes sociais.
Um responsável norte-americano disse na quinta-feira que o plano incluía garantias de segurança de Washington e dos aliados europeus equivalentes às da NATO em caso de futuro ataque.
Segundo a proposta norte-americana, não seriam destacadas forças ocidentais na Ucrânia, embora o plano preveja aviões de combate europeus na Polónia para proteger o país.
O plano de 28 pontos dos Estados Unidos retoma vários pedidos formulados anteriormente por Moscovo e rejeitados por Kiev, segundo a AFP.
Prevê que Kiev ceda o leste do país a Moscovo e aceite a ocupação de uma parte do sul da Ucrânia.
As duas regiões da bacia mineira e industrial do Donbass, Donetsk e Lugansk (leste), assim como a Crimeia anexada em 2014, seriam "reconhecidas de facto como russas, incluindo pelos Estados Unidos".
Moscovo receberia outros territórios ucranianos que ainda hoje estão sob o controlo de Kiev.
A Rússia veria também o fim do seu isolamento pelo Ocidente com a reintegração no G8 (bloco das oito maiores economias mundiais) e o levantamento progressivo das sanções que lhe foram impostas por ter invadido a Ucrânia.
A Ucrânia teria de reduzir o exército para 600.000 militares, em vez dos cerca de 880.000 efetivos atuais, e os aliados deixariam de fornecer armas a Kiev.
A exigência de eleições no prazo de 100 dias também faz eco das reivindicações de Moscovo, que tem insistido na destituição de Zelensky.
A Rússia invadiu por duas vezes a Ucrânia, em 2014 para anexar a Crimeia e depois em fevereiro de 2022, desencadeando a guerra em curso, o pior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Moscovo também orquestrou um conflito armado, apoiando separatistas pró-russos na parte oriental da Ucrânia a partir de 2014.
A Rússia, cujas tropas continuam a reivindicar todas as semanas a tomada de novas aldeias ao longo da linha da frente, exortou Zelensky a negociar agora em vez de arriscar perder mais território.
"O espaço para tomar decisões para ele reduz-se à medida que perde territórios", declarou hoje o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov.
Zelensky disse na quinta-feira que esperava poder falar "nos próximos dias" com Trump, com quem mantém relações tensas.
O plano surgiu numa altura em que Zelensky está fragilizado internamente por um escândalo de corrupção que envolve alguns dos seus colaboradores.
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