Maus-tratos a detidos da flotilha? Marcelo fala em "confusão" em Israel

  • 06/10/2025

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que os maus-tratos de que muitos dos ativistas detidos por Israel se têm vindo a queixar não passam de uma "confusão".

 

Em declarações aos jornalistas em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que "a sensação que chegava a Portugal, foi que não havia uma estrutura preparada" para acolher tantos detidos, nomeadamente, os quase 500 que iam a bordo da flotilha - não só no sentido das próprias acomodações, mas também "em termos de água e em termos de mantimentos".

"Houve ali várias perturbações que fazem com que alguns participantes, ou que alguns Estados desses participantes, se queixem dessa confusão muito sensível nesse segundo porto, na transferência para o centro de detenção e na permanência no centro de detenção", argumentou.

Questionado sobre o vídeo que circulou nas redes sociais que mostra o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, aos gritos, e a chamar terroristas aos participantes na flotilha, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que esta "foi uma reação muito quente".

"Uma reação muito a quente em relação, no fundo, aos nacionais de países que tinham reconhecido o Estado Palestiniano", mas também houve "muitos problemas" no acolhimento dos detidos porque "não havia uma estrutura preparada para acolher tanta gente".

Houve "irritação" de Israel devido ao reconhecimento da Palestina

O chefe de Estado português admitiu ainda que poderia haver alguma "irritação", dado que muitos dos participantes eram nacionais de países que, recentemente, tinham reconhecido o Estado da Palestina - como era o caso de Portugal.

"Houve uma mistura de não se esperar tanta gente, não se esperar naquelas circunstâncias, não haver estruturas de acolhimento e haver a irritação por causa daquilo que, entretanto, tinha decorrido: o reconhecimento do Estado Palestiniano por alguns Estados que tinham lá nacionais, e por outro lado um processo de paz a abrir-se na base de negociação", considerou.

"Foi mais fácil para os governos dos países que não reconheciam a Palestina terem os seus nacionais a sair primeiro, o caso de Itália", apontou Marcelo Rebelo de Sousa, que respondia a perguntas dos jornalistas, na Universidade Lusófona, em Lisboa.

Questionado sobre as críticas do BE à falta de informação direta do Governo português durante este processo, o chefe de Estado respondeu que não iria "comentar partidos políticos".

"Eu testemunho que, permanentemente, a nossa embaixadora e o cônsul lá, perante situações complicadas, não só estavam preocupados, como manifestavam aquilo que pensavam sobre o que não estava a correr bem. E portanto, nesse sentido, era o Estado português a intervir", acrescentou.

Aliás, "o senhor ministro de Estado e Negócios Estrangeiros telefonava várias vezes ao dia. Eu ia acompanhando aquilo que a embaixada e o consulado iam fazendo", relatou.

De acordo com o chefe de Estado "a preocupação das autoridades portuguesas era que [os detidos] saíssem logo possível", mas entre outros fatores "houve dificuldades de transporte", 

Israel só admitia pagar o repatriamento "para certos pontos", alguns voos já estavam lotados e "outras companhias torceram o nariz a transportar cidadãos repatriados", explicou.

Águas internacionais, palestinianas ou israelitas?

Já sobre como enquadra no plano jurídico a atuação das forças armadas e das autoridades de Israel desde a interceção das embarcações à detenção dos cidadãos portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que "esse é outro debate, que pode ser feito infindavelmente". 

Sem dar a sua opinião, o chefe de Estado mencionou que "há para uns a ideia de que são águas israelitas e não internacionais, há para outros que são águas internacionais, há para outros que são águas palestinianas" e que "Israel invoca acordos que levam a dizer que não são ainda palestinianas porque não há um Estado unido da Palestina".

"Quem defende que são águas palestinianas diz que, não obstante, correspondem, em termos de espírito do acordo, à ideia de a sua gestão pertencer ao Estado Palestiniano, para quem entende que existe, ou ao futuro Estado Palestiniano, para quem ainda não o reconheceu, e depois quem diga são internacionais", prosseguiu.

"Esse problema de direito eu acho que ainda vai durar muito tempo até os juízes definirem qual é a posição", anteviu.

OE é mais fácil de aprovar porque "tudo o que podia provocar polémica" não está lá

O Presidente da República comentou ainda as declarações do secretário-geral do Partido Socialista, José Luís Carneiro, que disse que  "é mais fácil" viabilizar o Orçamento do Estado porque o Governo deixou de fora temas que seriam linhas vermelhas.

Marcelo Rebelo de Sousa compreendeu a afirmação de Carneiro, esclarecendo que "o Governo tomou a iniciativa de avançar com propostas de lei separadas do Orçamento" fazendo com que "tudo aquilo que podia provocar polémica" não esteja no documento - como, por exemplo, a matéria do IRS e até mesmo a reforma laboral.

"E, portanto, não estando lá, o voto no orçamento tem grandes princípios e o núcleo duro da organização financeira do Estado. Depois tudo o resto é votado autonomamente noutras leis", afirmou o Presidente, dizendo que, nesse sentido, é compreensível a declaração de Carneiro.

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FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/pais/2865814/maus-tratos-a-detidos-da-flotilha-marcelo-fala-em-confusao-em-israel#utm_source=rss-ultima-hora&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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