Inspetor-geral da Saúde de Moçambique defende maior aposta na tecnologia
- 21/11/2025
"Devemos garantir que Moçambique não apenas acompanhe as tendências globais, mas lidere iniciativas inovadoras adaptadas à realidade local. Vivemos um momento em que a inovação já não é uma opção, mas uma necessidade", disse Norton Pinto durante a abertura da conferência de divulgação e promoção da Telessaúde, em Maputo.
Segundo o dirigente, a plataforma Telessaúde MZ, instituída em 2018, presta serviços de educação e consultoria aos profissionais de saúde, tornando acessíveis os serviços no setor, principalmente em zonas rurais, em que há recursos limitados, e permite que um paciente seja atendido por um especialista a centenas de quilómetros que recebe suporte clínico em tempo real.
Para o inspetor-geral, a plataforma representa também "uma grande valia" para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), ao abrir um leque de oportunidades de formação virtual e apoio técnico aos profissionais afetos nas zonas rurais, de forma "a prestar cuidado aos pacientes, salvando vidas com recurso à tecnologia".
O responsável apontou ainda desafios relacionados com a falta de capacidade em infraestruturas tecnológicas e fraca literacia nos técnicos de saúde nas zonas rurais, pedindo aposta no uso da plataforma, quando a aplicação já conta com 1.059 formandos em 28 cursos ministrados, com destaque para a telemedicina e ética em saúde.
"Ao darmos visibilidade a esta plataforma como solução digital, estaremos a promover a qualidade, a equidade e dignidade", acrescentou Norton Pinto, referindo que ajuda a evitar o absentismo e reduz custos com formação presencial.
Desde a sua criação, a telessaúde permitiu também apoio técnico a 3.378 profissionais dos cuidados primários de saúde, auxiliando no diagnóstico e tratamento de patologias associadas à dermatologia, VIH e tuberculose, evitando referências de pacientes e respetivos custos logísticos, segundo o inspetor-geral.
Presente no mesmo evento, o bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, Gilberto Manhiça, apontou a sobrecarga nas unidades sanitárias do país por falta de médicos especialistas e de equipamentos médico-cirúrgicos, pedindo mais centros de formação especializada.
De acordo com Manhiça, uma das áreas mais afetadas pela falta de profissionais é a medicina interna, com a Ordem a recomendar expansão de centros de formação de médicos especialistas, para além da disponibilização de mais meios para o tratamento de pacientes.
O responsável acrescentou que, ao nível da Ordem, existem médicos formados interinamente, decorrendo ações para encontrar espaços para que também beneficiem de formação especializada para fazer face à procura e para se criar um ecossistema de autossuficiência em Moçambique em relação a médicos especializados.
O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.
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