Hélder Teixeira Aguiar vence Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís
- 21/11/2025
O romance inédito será publicado, de acordo com o regulamento, pela Editorial Gradiva, com a qual a Estoril Sol, que promove o galardão, mantém uma parceria desde 2008, quando foi criado o prémio.
"Na Tua Mão" é "um romance de aventura, aprendizagem e superação de dois irmãos de 11 e 17 anos, de nacionalidade portuguesa, mas vivendo nas regiões conturbadas da Venezuela. Perseguidos por carteis da droga por causa da mãe, jornalista, 'entretanto desaparecida'", escreveu em ata o júri, ao qual presidiu o antigo ministro e administrador da Fundação Calouste Gulbenkian Guilherme d'Oliveira Martins.
"Esses dois jovens vão tentar passar a fronteira para a Colômbia pela selva. No percurso, irão aprender o mundo e a força para superar dificuldades. Narrado alternadamente pelos dois irmãos, há neste romance uma frescura que cativa e uma qualidade de linguagem e construção narrativa que deixa entrever com seguimentos literários futuros de grande valia", lê-se no mesmo documento,
Segundo informação da Estoril Sol, Hélder Teixeira Aguiar nasceu em São João da Madeira, em 1983, licenciou-se, em 2008, em Medicina pela Universidade Nova de Lisboa, tendo completado um mestrado no King's College, em Londres.
"Esta dualidade entre medicina e literatura define-se em mim como uma picardia interna entre a ambição do menino que sonhava ser médico enquanto rascunhava os primeiros poemas; ou o incentivo materno à medicina em contraste com o universo cultural paterno que disparava rock e música clássica ao adormecer e livros a nascer pelos cantos da casa", afirmou o autor, em comunicado divulgado pela Estoril Sol.
Sobre o romance, o autor explicou que "surgiu na sequência de um trabalho de investigação" sobre o estreito de Darién, entre a Colômbia e o Panamá, por onde passam todos os anos "centenas de milhares de pessoas de todo o planeta".
"Apoiei-me em artigos, relatórios oficiais e reportagens de referência -- como a de Nadja Drost, distinguida com o Prémio Pulitzer --, mas também em vídeos nas redes sociais e em partilhas de experiências em grupos de migração. Para garantir a verosimilhança, consultei 'sensitivity readers' venezuelanos e botânicos locais, li tudo o que encontrei sobre os Emberá -- tribo que habita Darién há séculos -- e estudei o seu dicionário, desenvolvido recentemente, para compreender a língua", afirma o autor.
No mesmo documento, o escritor afirma que "é influenciado pelo realismo, sobretudo o realismo psicológico e social de Dostoievski e pelo existencialismo de Camus".
Entre os autores portugueses, cita Eça de Queirós, Agustina Bessa-Luís, Vergílio Ferreira, Gonçalo M. Tavares, Afonso Reis Cabral, José Luís Peixoto, Hugo Gonçalves e Carla Pais.
O autor vencedor destaca também J.D. Salinger, "cuja representação da mente jovem em 'À Espera no Centeio', foi determinante e, claro, o incontornável José Saramago".
Além de Guilherme d'Oliveira Martins, em representação do Centro Nacional de Cultura, constituíram o júri José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e, ainda, por José Carlos de Vasconcelos e Ana Paula Laborinho, convidados a título individual, e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.
O ano passado o romance vencedor foi "O Processo", de Dulce de Souza Gonçalves.
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