Hamas? "Organização precisa de ser desmantelada. Não pode ser ameaça"
- 06/10/2025
O ex-refém israelo-americano, Keith Siegel, ecoou, durante uma manifestação no Central Park, nos Estados Unidos, o apelo do governo de Donald Trump para que o grupo islamita Hamas seja desmilitarizado e destituído do poder em Gaza.
Durante o seu discurso, Keith Siegel disse estar esperançoso de que o plano de paz - apresentado pelo presidente norte-americano - possa trazer de volta os 48 reféns que se encontram ainda em Gaza, notando também que aqueles que vivem em Israel, após o ataque de outubro de 2023, não se podem sentir seguros até que o grupo islamita seja eliminado.
"Esta organização terrorista precisa de ser desmantelada. Eles não podem ser uma ameaça no futuro", referiu o ex-refém, em declarações ao New York Post.
Keith Siegel, de 66 anos, sequestrado no dia 7 de outubro de 2023 e libertado em fevereiro deste ano, durante o período de cessar-fogo que decorreu entre 19 de janeiro e 1 de março.
O ex-refém relatou o que viveu, mas também o que testemunhou, durante os 484 dias em que foi mantido em cativeiro nos túneis de Gaza - onde esteve grande parte do tempo sozinho.
"Testemunhei mulheres a serem abusadas, torturadas, espancadas. Eram tratadas de forma desumana. Preocupo-me também com os reféns que ainda lá estão [em Gaza] porque sei, por experiência própria o que estão a passar. Podemos perdê-los. Podemos perdê-los a qualquer momento", disse.
Presente na manifestação esteve também o filho do refém Nadav Rudaeff, que foi morto pelo Hamas e o corpo levado para Gaza. Lior Rudaeff apelo ao fim da guerra e pediu para que os reféns regressem a casa depois de 730 dias sequestrados. Recordou ainda a violência com que o seu pai foi morto enquanto protegia o seu kibutz no dia 7 de outubro de 2023.
"Foi desumano, a pior maldade que experenciei", afirmou, acrescentando que, embora esperançoso com um acordo de cessar-fogo, aprendeu a gerir as expectativas após dois anos de espera.
"Nos últimos anos, fomos decepcionados várias vezes. Estou a tentar manter a esperança, mas com os pés assentes no chão para não me decepcionar mais uma vez", notou.
O conflito entre Israel e o Hamas, recorde-se, vai completar dois anos na terça-feira, dia 7 de outubro.
A guerra opõe o Estado de Israel, fundado em 1948 na Palestina, e o Hamas, acrónimo de Harakat al-Muqawama al-Islamiya (Movimento de Resistência Islâmica), criado em Gaza em 1987.
Qual o plano de Donald Trump para acabar com a guerra?
De recordar que na passada segunda-feira, dia 29 de setembro, o presidente norte-americano reuniu-se com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tendo-lhe apresentado um plano de 20 pontos, que tem como objetivo terminar com a guerra. Entre os pontos destaca-se, por exemplo, o facto de que "Gaza será reconstruída para benefício do seu povo", "cessar-fogo imediato e retirada gradual das forças israelitas", "libertação, no prazo de 72 horas, de todos os reféns".
"Este é um dia muito, muito importante, potencialmente um dos dias mais importantes da civilização", salientou, na altura, Donald Trump.
Hamas "pronto" para aceitar plano e libertar reféns. Trump fez ultimato: "Última oportunidade"
O movimento islamita Hamas anunciou, durante a noite de sexta-feira, dia 3 de outubro, que está "pronto" para aceitar o plano para a paz na Faixa de Gaza delineado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e para libertar todos os reféns israelitas - vivos ou mortos.
"O movimento afirma a sua disponibilidade para entrar imediatamente em negociações através de mediadores para discutir os detalhes deste acordo", afirmou o Hamas num comunicado partilhado no Telegram, citado pela Al Jazeera.
Este anúncio surgiu depois de o presidente dos Estados Unidos ter feito um ultimato ao Hamas.
Numa mensagem na rede social Truth Social, Trump avisou que, se o acordo "de última hora" não for alcançado, "o caos instalar-se-á contra o Hamas como nunca antes", acrescentando que a maioria dos combatentes do movimento se encontra "cercada e militarmente encurralada", e poderão ser "rapidamente exterminados".
Leia Também: "Amo a vida". O relato do ex-refém Eli Sharabi (que lançou um livro)