Gouveia e Melo e Cotrim em confronto sobre garantias de independência em Belém
- 20/11/2025
Num debate na RTP, só quando se falou deste tema da independência é que o ex-chefe do Estado-Maior da Armada e o antigo líder da Iniciativa Liberal estiveram em frontal desacordo. Cotrim de Figueiredo defendeu que pertencer a um partido não é "cadastro" para um futuro Presidente da República, depois de o almirante ter advogado como vantagem o caráter suprapartidário da sua candidatura.
Segundo Gouveia e Melo, presidentes anteriores como Mário Soares e Cavaco Silva "eram muito superiores ao seu espaço partidário", mas "neste momento não temos pessoas dessas".
Cotrim de Figueiredo contrapôs que é superior ao espaço político da Iniciativa Liberal, enquanto Henrique Gouveia sugeriu que o seu adversário irá levar "conceitos ideológicos" para a Presidência da República.
"Não vai conseguir ser independente", acusou o almirante. Já no fim do debate, com cerca de 30 minutos e moderado pelo jornalista Vítor Gonçalves, o eurodeputado da Iniciativa Liberal considerou que essa foi até agora uma das maiores mentiras que disseram sobre si.
Gouveia e Melo e Cotrim de Figueiredo protagonizaram alguns momentos mais tensos, sobretudo quando o antigo presidente da Iniciativa Liberal contra-atacou e procurou apontar perigos inerentes a pessoas a quem o almirante está associado.
"A independência em relação às máquinas partidárias também se vê nas pessoas que nos rodeiam e eu não tenho ninguém na minha candidatura que tenha um passado partidário como o senhor tem na sua de pessoas que foram altos dirigentes do PSD, por exemplo, e pessoas da máquina partidária. Para já não falar de outras estruturas dentro da sua candidatura que foram, por exemplo, responsáveis pela máquina de propaganda do José Sócrates. Isso para mim é bastante mais preocupante do que pertencer a um partido", atacou Cotrim Figueiredo.
Na resposta, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada visou indiretamente a experiência empresarial de Cotrim Figueiredo aplicada ao exercício das funções de chefe de Estado.
"A Presidência da República não é um conselho de administração. É um serviço à nação que exige o máximo rigor, o máximo responsabilidade e o máximo distanciamento também", realçou.
Mais à frente, Gouveia e Melo reagiu a uma alusão recente de Cotrim de Figueiredo sobre a existência de candidatos a Belém que pertencem à maçonaria. Tal como já tinha feito na Rádio Observador, o almirante negou pertencer a alguma obediência maçónica.
"Eu não sou maçom", frisou, mas assinalando, depois, que a maçonaria "está espalhada em toda a sociedade portuguesa".
"Não acredito que Cotrim de Figueiredo possa dizer claramente que não tem um maçom nem na Iniciativa Liberal, nem nos seus apoiantes", disse, com o antigo líder liberal a referir que também não é maçom e a comentar que apenas usa "avental na cozinha".
"Eu nem na cozinha uso avental", retorquiu Gouveia e Melo.
No resto do debate, houve vários pontos em que os dois oponentes convergiram, sobretudo quando confrontados com a notícia que houve escutas a abranger o ex-primeiro-ministro António Costa - um caso em que os dois defenderam explicações rápidas da Procuradoria-Geral da República e que os levaram a defender uma reforma do sistema de justiça.
Na reforma da legislação laboral, Cotrim de Figueiredo e Gouveia e Melo concordaram que há necessidade de flexibilizar, embora o ex-chefe de Estado-Maior da Armada tenha advertindo que é preciso salvaguardar o núcleo dos direitos dos trabalhadores. E a privatização da TAP, defendida pelo eurodeputado liberal, foi admitida pelo antigo coordenador do processo de vacinação contra a covid-19, mas desde que salvaguardados os interesses estratégicos nacionais.
[Notícia atualizada às 22h50]
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