Espanha envia avião militar para Atenas para repatriar ativistas
- 06/10/2025
"Viajam já a caminho de Espanha outros 27 espanhóis e espanholas da flotilha", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), José Manuel Albares, na rede social X.
Outros 22 espanhóis chegaram a Espanha no domingo, num voo que saiu de Israel para Madrid e em que viajaram também os quatro portugueses que estavam na flotilha.
A Flotilha Global Sumud saiu de Barcelona, no norte de Espanha, em 31 de agosto, e pretendia chegar com ajuda humanitária ao território palestiniano da Faixa de Gaza, mas foi intercetada, na quarta e na quinta-feira da semana passada em águas internacionais por militares israelitas, que detiveram cerca de 450 pessoas que seguiam nos barcos.
Segundo o MNE de Espanha, integraram inicialmente a flotilha 65 pessoas com nacionalidade espanhola (a nacionalidade mais representada) e era esse o número de cidadãos do país que tinha como referência para assistência diplomática em caso de necessidade.
No entanto, o número de pessoas que estavam nos barcos intercetados por Israel e que acabaram numa prisão israelita foram 49, confirmaram as autoridades ao longo do fim de semana.
Dessas, 48 foram deportadas por Israel no domingo e hoje.
Uma mulher espanhola permanece detida em Israel, acusada de ter mordido uma funcionária da prisão Ketziot, disseram fontes do executivo de Espanha.
"Continuamos a oferecer proteção diplomática e consular até a última espanhola estar livre", escreveu Albares na X.
O Governo espanhol enviou um avião militar a Atenas para transportar para Madrid os espanhóis e outros cidadãos da União Europeia expulsos hoje por Israel, que anunciou ainda a expulsão, ao todo, de mais 171 ativistas da Flotilha Global Sumud, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, em voos para a Grécia e a Eslováquia.
O MNE israelita publicou fotografias de Thunberg e de outras duas mulheres no aeroporto internacional Ben Gurion, perto de Telavive, vestindo fatos de treino cinzentos usados nas prisões de Israel.
Entre os deportados estão cidadãos da Grécia, Itália, França, Irlanda, Suécia, Polónia, Alemanha, Bulgária, Lituânia, Áustria, Luxemburgo, Finlândia, Dinamarca, Eslováquia, Suíça, Noruega, Reino Unido, Sérvia e Estados Unidos, disse o Ministério.
Com este grupo, mais de 340 ativistas foram deportados entre sábado e hoje, de um total de cerca de 450 detidos após a interceção da flotilha pelas autoridades israelitas.
"Todos os direitos legais dos participantes nesta manobra de relações públicas foram e continuarão a ser plenamente respeitados", acrescentou o MNE israelita, também na X.
Por sua vez, os advogados da equipa jurídica da flotilha alegaram no domingo à noite que os detidos sofreram agressões e violência generalizadas durante a transferência do porto para a prisão e nos primeiros dias de detenção.
A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) denunciou também no domingo "maus-tratos inaceitáveis" e abusos de Israel aos membros da flotilha.
Segundo a organização internacional, a maioria dos tripulantes da frota está detida ilegalmente desde 02 de outubro na prisão de Ketziot (no sul de Israel) e sujeita a condições severas de encarceramento, que incluem violência física, assédio verbal, privação de água potável, alimentos, sono e medicamentos adequados, bem como confinamento prolongado em posições desconfortáveis e stressantes".
Tais comportamentos constituem "atos de maus-tratos e tortura de acordo com o direito internacional", alertou a federação.
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