Espanha celebra papel da monarquia na democratização sem Juan Carlos
- 20/11/2025
Na sequência da morte do ditador Francisco Franco, em 20 de novembro de 1975, Juan Carlos I foi coroado rei de Espanha há 50 anos, em 22 de novembro do mesmo ano.
Recebeu então todos os poderes que tinha o ditador e acabou por se transformar, nos anos seguintes, num dos protagonistas da transição espanhola para a democracia, com a instauração em Espanha de uma monarquia parlamentar, tal como está estabelecido na atual Constituição, aprovada em 1978.
Os 50 anos da restauração da monarquia em Espanha e o papel que a instituição teve na democratização do país serão celebrados com iniciativas na sexta-feira, num programa divulgado pela Casa Real, atualmente liderada por Felipe VI, Rei desde 2014, após a abdicação do pai, Juan Carlos I.
Na sexta-feira, Felipe VI entregará à mãe, Sofía, hoje rainha emérita que vive separada do marido, Juan Carlos I, a mais alta condecoração concedida pela Coroa espanhola, o Toisón de Ouro, numa cerimónia no Palácio Real de Madrid.
Receberão a mesma condecoração e na mesma cerimónia, em que estarão altas autoridades do Estado, o ex-primeiro-ministro Felipe González e dois dos "pais da Constituição" de Espanha, Miquel Roca e Miguel Herrero y Rodríguez de Miñón.
Felipe VI justificou a concessão do Toisón de Ouro a Sofia de Borbón para reconhecer publicamente a dedicação e entrega ao serviço de Espanha e da Coroa.
Para o mesmo dia está prevista uma iniciativa no parlamento espanhol com o título "50 anos depois: a Coroa no trânsito para a democracia", a que assistirão os Reis, Felipe VI e Letizia, e as filhas, a princesa Leonor, herdeira da coroa, e a infanta Sofia.
No sábado, coincidindo com os 50 anos da coroação de Juan Carlos I, a família real celebrará um almoço no Palácio do Pardo, nos arredores de Madrid com "caráter estritamente familiar e totalmente privado", a que Juan Carlos I deverá assistir, disseram as fontes da Casa Real.
As mesmas fontes lembraram que Juan Carlos I optou em 2020 por viver fora de Espanha, nos Emirados Árabes Unidos, e que o próprio decidiu então deixar de participar em iniciativas públicas institucionais.
Juan Carlos I abdicou e depois saiu de Espanha na sequência de revelações sobre a origem duvidosa da sua fortuna e a divulgação de episódios da vida privada que minaram a imagem de uma personalidade que durante décadas foi muito respeitada e de grande popularidade em Espanha, atendendo ao papel que se lhe reconhece durante a transição democrática.
Os processos judiciais em Espanha que envolviam Juan Carlos de Borbón foram arquivados em 2022, apesar de o Ministério Público confirmar a existência de indícios de delitos fiscais, branqueamento de capitais e subornos.
No entanto, segundo o Ministério Público, vários possíveis crimes estavam prescritos e outros teriam sido cometidos quando Juan Carlos I era rei e, por isso, protegido pela inviolabilidade concedida pela Constituição.
Em janeiro, quando o Governo espanhol arrancou com um programa de 12 meses para comemorar os 50 da democracia no país, o executivo admitiu a presença de Juan Carlos de Borbón nas celebrações, mas remeteu sempre a decisão para a Casa Real.
O ministro que tem a tutela da Memória Democrática, Ángel Victor Torres, sublinhou na altura que "o papel da Casa Real foi fundamental" nos "primeiros anos" da transição para a democracia.
Juan Carlos de Borbón agradeceu esta semana o apoio que teve há 50 anos, numa mensagem lida numa conferência em Madrid organizada pela Fundação Trancisção Espanhola.
"Todos juntos unimos esforços para realizar esta difícil Transição e transformar Espanha numa democracia parlamentar. Peço-vos o mesmo apoio para o meu filho, o Rei Felipe", acrescentou.
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