"Em Itália, falavam mais de mim do que de Cristiano Ronaldo... mas mal"
- 21/11/2025
Emerson Royal concedeu uma extensa entrevista à edição desta sexta-feira do jornal italiano Gazzetta dello Sport, na qual 'abriu o livro' a propósito das dificuldades passadas ao serviço do AC Milan, clube ao qual chegou, no verão de 2024, proveniente do Tottenham, a troco de 16 milhões de euros, e do qual saiu, um ano depois, rumo ao Flamengo, por nove milhões de euros.
"Cheguei a Itália com com uma sensação ligeiramente estranha, de imediato. Desde o início, sempre que eu dizia ou fazia qualquer coisa, falavam mais de mim do que de Cristiano Ronaldo... mas de maneira negativa. A minha sensação era de que tinha de fazer sempre o dobro para ser aceite, e, mesmo assim, não o fui", lamentou.
O internacional brasileiro não escondeu, ainda, a desilusão para com um vídeo que se tornou viral, assim que chegou ao Stadio Giuseppe Meazza, em San Siro, no qual era possível ouvir adeptos dos spurs a denegri-lo, entoando o cântico "Ele não sabe defender, ele não sabe cantar", enquanto jogava.
"O vídeo foi manipulado, para parecer que era recente, de quando eu tinha chegado ao AC Milan, mas era um vídeo antigo. Dizia respeito a um período difícil pelo qual passei, com [Antonio] Conte. Os adeptos comentam tudo, é normal, mas, quando decidi deixar o Tottenham, o clube tentou manter-me, porque tinha evoluído muito. E acabei por ter uma excelente relação com todos", atirou.
"Não sou alguém que se magoe com facilidade, porque sei aquilo que valho, mas não é bom chegar e sentir aquela onda de ódio sem sequer ter entrado em campo e disputado um único minuto. Eu tenho família e amigos, são eles que sofrem mais. Certamente, não foi uma situação agradável. Nunca queres ouvir aquilo, quando estás a tentar fazer o teu trabalho melhor que podes, seja ele qual for", acrescentou.
"Não houve diferença entre Paulo Fonseca e Sérgio Conceição"
Emerson Royal sublinhou, ainda assim, que o facto de ter sido utilizado em apenas 26 jogos, ao serviço do emblema rossonero, em nada teve a ver com os treinadores portugueses Paulo Fonseca e Sérgio Conceição, que o orientaram, durante esta (curta) estadia ao serviço do histórico clube transalpino.
"Senti sempre a companhia do clube e dos meus companheiros de equipa, e, na verdade, conquistei um lugar como titular, no AC Milan. O problema foi outra coisa. Em Itália, a imprensa tem uma enorme influência, e eu nem sequer estava a par disso. Aquilo que é dito de fora tem muita força e um impacto imediato", referiu.
"Não houve diferença. Joguei com Fonseca, tal como com Conceição. A lesão travou-me, e, quando voltei, restavam apenas dois jogos. Falei muito com o Sérgio. Ele disse-me que eu iria ser importante e titular naquele AC Milan. E, enquanto estive disponível, esse foi sempre o caso", acrescentou.
Então, afinal, por que saiu? O próprio explicou: "Tudo começou comigo e com o meu pedido. Falei com a minha família e com o meu empresário, e a ideia de sair já se tinha tornado numa prioridade. Eu não podia continuar com aquele sentimento. O mesmo aconteceu comigo, no Tottenham, mas, lá, consegui mudar de ideias. Chegas, as pessoas falam e, depois, não querem que saias".
"É sempre uma questão de tempo e de adaptação. Ao início, eu pensei fazer o mesmo, no AC Milan, isto é, ficar e provar aquilo que sou, mas, depois da lesão e dos meses que passei de fora, essa sensação ganhou ainda mais força. E, quando me apercebi de que a minha relação com o clube tinha ficado fragilizada, concluí que ficar não seria a escolha acertada", concluiu.
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