Austrália e Papua Nova Guiné assinam tratado de defesa histórico
- 06/10/2025
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o homólogo de Papua-Nova Guiné, James Marape, descreveram o acordo como um tratado de defesa mútua que vai permitir uma integração sem precedentes das forças de defesa e pessoal militar dos dois países.
Este é o único pacto de segurança ao nível de aliança da Austrália, além do tratado ANZUS, assinado em 1951 com os Estados Unidos e a Nova Zelândia, e o primeiro tratado desse tipo para a Papua-Nova Guiné, vizinho mais próximo e ex-colónia.
O tratado entra em vigor após ser ratificado pelos parlamentos de ambos os países.
Sobre o acordo, Albanese disse ser uma grande honra para a Austrália ter o vizinho mais próximo como o mais novo aliado de Camberra.
"Este tratado contém uma obrigação de defesa mútua semelhante aos compromissos da Austrália com o tratado ANZUS, onde declaramos que, em caso de ataque armado a qualquer um dos nossos países, ambos agiremos para enfrentar o perigo comum", disse Albanese, aos jornalistas, numa conferência de imprensa conjunta com Marape, no Parlamento australiano.
"Ambas as nações também concordaram em não realizar quaisquer atividades ou firmar quaisquer acordos que comprometam a implementação deste tratado", acrescentou Albanese.
Após Marape e Albanese assinarem uma declaração conjunta a apoiar os princípios fundamentais do tratado, Em setembro, a Embaixada da China na Papua-Nova Guiné emitiu um comunicado a afirmar que o pacto bilateral "não deve ser de natureza exclusiva, nem deve restringir ou impedir um país soberano de cooperar com terceiros por qualquer motivo".
"Também deve abster-se de visar terceiros ou minar seus direitos e interesses legítimos", publicou a embaixada nas redes sociais.
Marape disse hoje que o tratado não prejudica a política externa de Papua-Nova Guiné: 'amigos de todos, inimigos de ninguém'.
"Este não é um tratado que cria inimigos, mas consolida amizades, e a China --- temos sido transparentes --- dissemos-lhes que a Austrália se tornou nossa parceira de segurança preferida e eles entendem", indicou.
Marape afirmou que o tratado consolidou a parceria de segurança da Papua-Nova Guiné com a Austrália "sem a intenção de criar inimigos noutros lugares".
Os Estados Unidos e a Austrália intensificaram os laços militares nos últimos anos com a Papua-Nova Guiné, vista como uma parceira estrategicamente importante para conter a crescente influência da China no Pacífico.
A relação de segurança é um ato de equilíbrio para a Papua-Nova Guiné, que também procura estreitar a cooperação económica com a China.
A Austrália tem vindo a intensificar os esforços para fortalecer as relações com as nações insulares da região desde 2022, quando Pequim assinou um acordo de segurança com as ilhas Salomão, que levantou a perspetiva de uma base naval chinesa ser estabelecida no Pacífico Sul.
Além da Austrália e da Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Fiji e Tonga são as únicas nações insulares do Pacífico Sul com forças armadas. A Austrália está negociar um pacto bilateral de defesa com as Fiji.
Três nações insulares do Pacífico mudaram o reconhecimento diplomático de Taiwan para Pequim desde 2019, à medida que a influência da China na região aumentou.
Os EUA e aliados estão particularmente preocupados com a crescente influência da China na segurança através da formação policial nas Fiji e em Kiribati, Samoa, ilhas Salomão e Vanuatu.
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