António Filipe considera escutas a Costa "graves" (e pede esclarecimento)
- 21/11/2025
Em declarações à agência Lusa por telefone, a partir de Genebra, na Suíça, onde se encontra em contactos com a comunidade portuguesa, António Filipe defendeu que as escutas em questão são "algo que não pode acontecer".
"Eu acho que as autoridades judiciárias têm de dar o exemplo no cumprimento da lei, não a podem infringir. A escuta de um chefe de Governo é algo muito sério, por isso mesmo tem regras especiais, que devem ser estritamente cumpridas", defendeu, considerando que são "devidos esclarecimentos ao país relativamente a essa situação".
O candidato presidencial, apoiado pelo PCP, considerou que esta situação pode contribuir para minar a confiança dos cidadãos no sistema judicial, reiterando que, "quando se verifica que é a partir das próprias autoridades judiciárias que surgem práticas que são irregulares e graves, isso é motivo de preocupação".
"Portanto, essas coisas não podem acontecer e tem de haver um esclarecimento cabal do que aconteceu. Eu creio que é motivo de preocupação e justifica que haja esclarecimentos por parte do próprio procurador-geral da República", defendeu.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) reconheceu hoje que foram identificadas sete escutas em que o ex-primeiro-ministro era interveniente e que não foram comunicadas ao Supremo Tribunal de Justiça "por razões técnicas diversas".
Em comunicado publicado hoje, a PGR explicou que, recentemente, "no decurso de nova análise a todas as escutas realizadas" no âmbito da Operação Influencer, foram identificadas sete escutas, "em que também era interveniente o primeiro-ministro António Costa, facto que, por razões técnicas diversas, não havia sido detetado inicialmente".
Destas sete escutas, seis eram tentativas de contacto, referiu a PGR no mesmo comunicado, sublinhando que "todas as escutas telefónicas realizadas no âmbito desses processos [Operação Influencer], sem qualquer exceção, foram tempestivamente apresentadas a controlo periódico ao Juiz de Instrução do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC)".
A reação da PGR surge na sequência de uma notícia do Diário de Notícias (DN), que avança que o antigo primeiro-ministro António Costa foi alvo de escutas 22 vezes sem conhecimento dos tribunais superiores, estando em causa conversas com suspeitos da Operação Influencer.
A investigação que está sob tutela do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e as escutas terão sido omitidas ao Supremo Tribunal de Justiça e ao Tribunal Central de Instrução Criminal.
As escutas terão sido feitas entre 2020 e 2022 e os contactos em questão incluíam João Galamba, então secretário de Estado Adjunto e da Energia e secretário de Estado do Ambiente da Energia, Lacerda Machado, amigo e ex-consultor do Governo na privatização da TAP, e João Pedro Matos Fernandes, na altura ministro do Ambiente e da Ação Climática, segundo o Diário de Notícias.
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