África do Sul classifica como catástrofe violência contra as mulheres
- 21/11/2025
O país da África Austral tem um dos níveis mais elevados de violência de género e feminicídios do mundo, com as mulheres a serem mortas a uma taxa cinco vezes superior à média mundial, de acordo com a ONU Mulheres.
Uma realidade que levou hoje milhares de pessoas, vestidas de preto, a deitarem-se no chão, em Joanesburgo, durante 15 minutos em homenagem às 15 mulheres assassinadas todos os dias na África do Sul, a poucos quilómetros do local onde os líderes do G20, grupo que junta as 19 maiores economias do mundo mais a União Africana e a União Europeia, se vão reunir no sábado e no domingo.
Uma investigação governamental de 2022 revelou que uma em cada três mulheres sul-africanas sofreu violência física e que quase 10% delas foram vítimas de violência sexual.
Mais de 10.700 violações foram denunciadas à polícia nos primeiros três meses de 2025, mas o número real é provavelmente muito maior.
"Estou aqui não só para me representar, mas também às minhas irmãs mais novas, aos meus irmãos e a todas as mulheres da África do Sul", testemunhou uma das manifestantes, Lefika Jonathan, de 23 anos.
O centro de gestão de catástrofes do Governo sul-africano afirmou num comunicado que o nível de violência sexista e feminicídios atingiu "o limiar de uma potencial catástrofe", tornando esta questão uma prioridade para o executivo e para "todos os órgãos do Estado".
"Tudo o que queremos é justiça", explicou outra manifestante, Nomhle Porogo, estudante de 19 anos, citada pela agência francesa France-Press, que espera que "aqueles que ocupam cargos elevados possam ouvir os nossos gritos".
A jovem mostrou-se desapontada com o facto de as autoridades terem esperado que o país recebesse um evento de âmbito internacional para classificar a violência de género como uma catástrofe, uma exigência há muito feita pelas organizações de defesa dos direitos das mulheres.
"Que eles declarem isso como catástrofe nacional quando lhes convém e diante dos nossos visitantes, só para que a nossa casa pareça limpa para eles (...) é uma injustiça", afirmou.
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